NOTA DE POSICIONAMENTO EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

18 de maio de 2016

 

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) é a entidade nacional que congrega os(as) médicos(as) de família e comunidade (MFC), generalistas e clínicos gerais que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF) ou em outros serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), em atividades docentes, de gestão e outras áreas de atuação profissional. Ao longo dos seus 34 anos de existência, vem defendendo a construção de um sistema de saúde universal para os brasileiros, no qual a APS exerça o papel de ordenadora de uma rede de serviços de saúde e de coordenação do cuidado das pessoas.

No cenário atual de crise político-econômica diferentes propostas têm sido apresentadas para as dificuldades enfrentadas pelo SUS. Neste sentido a SBMFC entende ser importante trazer para o debate a proposta de um conjunto de reformas e medidas que resumam o que tem sido a defesa dessa sociedade científica para o fortalecimento do SUS. Entendemos que frente às dificuldades verificadas atualmente, o SUS precisa ser ampliado, não diminuído, e a partir do aprendizado histórico destes 27 anos, e analisando as experiências dos países que têm Sistemas Universais de Saúde fortes e orientados pela APS, propomos e defendemos:

 

1.      Quanto ao financiamento:

a.      Defesa de um sistema de saúde de financiamento majoritariamente público, com o provimento dos serviços podendo ser público, privado ou misto. É preciso discutir diferentes formas de financiamento e provimento como alternativas ao modelo adotado atualmente

b.      Destinação de pelo menos 10% do total de receita corrente bruta da União voltados para o cuidado de saúde de toda a população brasileira;

c.       Fortalecimento da APS com maior percentual de recursos e com papel de efetiva ordenação e regulação dos serviços secundários e terciários;

d.      Fim da renúncia fiscal para pessoas físicas ou jurídicas custearem serviços de saúde suplementar;

e.      Fim do subsídio público para financiamento de planos privados de saúde para servidores públicos;

2.      Quanto ao modelo de atenção:

a.      Universalização da cobertura de APS, com priorização da Estratégia Saúde da Família;

b.      Fortalecimento do papel da APS como filtro e ordenadora do sistema de saúde;

c.       Defesa do profissional médico para a APS, o especialista em Medicina de Família e Comunidade (MFC), fundamental para a qualificação da APS;

d.      Desenvolver a resolutividade nos serviços de APS, por meio da valorização do MFC, da disponibilidade de recursos de propedêutica e terapêutica, de incentivos financeiros. O aumento da resolutividade tem o potencial de diminuir o excesso de dependência que o sistema de saúde tem dos serviços de urgência, dos serviços de atenção secundária, incluindo os especialistas focais, e dos serviços hospitalares;

e.      Ampliação das competências da APS, que gradualmente passa a substituir outros serviços, como os ambulatórios e centros de especialidades, e as portas de entradas redundantes existentes, como as UPAs;

f.        Implementar de forma generalizada no SUS, um sistema de informação interligando os três níveis de atenção, com a utilização de prontuários eletrônicos para o registro;

 

 

Diretoria da SBMFC

 

Gestão 2014/2016