III Congresso Sul-Brasileiro de MFC traz à discussão os desafios na relação médico-paciente

12 de abril de 2012

Dentro de duas semanas começa o III Congresso Sul-Brasileiro de MFC, encontro organizado pela Associação Catarinense de MFC (ACMFC); com apoio da SBMFC, da Associação Gaúcha de MFC (AGMFC) e da Associação Paranaense de MFC, que acontece entre os dias 26 e 28 de abril, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis (SC).

Nesta edição, foi escolhido como tema central a “Medicina de Família e Comunidade – Medicina que fala todas as línguas”. E, para abordar o assunto, além da grade cientifica do Congresso, foi organizado o I Seminário Nacional de Comunicação Clínica, que será realizado nos dias 25 e 26, no mesmo local, sob a coordenação da MFC Marcela Dohms, também à frente do GT de Comunicação em Saúde. (baixe a programação do Seminário)

De acordo com a presidente do Congresso, a MFC Fernanda Lazzari Freitas, a relação médico-paciente ainda é um assunto pouco abordado tanto nos cursos de graduação quanto na residência médica. “Falar de comunicação clínica é falar da convivência entre o médico e seus pacientes e de como torná-la melhor na prática diária”, explica.

Merece destaque a presença de dois convidados internacionais no Congresso: Josep Maria Bosch Fontcuberta (Espanha), que fará a conferência de abertura do Congresso, com a abordagem “Rosto: o espelho da alma?” (El rostro: ¿espejo del alma?) e de Sunil Kripalani (Estados Unidos), que participará de duas conferências magnas sobre a transição do cuidado no Brasil, por meio de uma análise crítica da realidade e experiências brasileiras.

Ao longo dos três dias de encontro, serão realizadas mesas redondas, palestras, conferências, rodas de conversa e oficinas. No âmbito da atualização clínica, o Congresso contará com 24 diferentes temas, como saúde do homem, rastreamento pré-natal, obesidade, pé diabético, medicina Ayurvédica, hiperplasia prostática benigna, curativos, cefaléia, asma, sexualidade, cálculo renal, entre outros.

Serão debatidas as formas de facilitar o acesso da população ao atendimento e também a questão da longitudinalidade como princípio da MFC. “É preciso pensar mecanismos para que o profissional possa ficar 20, 30 anos cuidando da mesma população. Isso fará com que ele conheça e acompanhe seus pacientes ao longo do tempo, qualificando o atendimento oferecido”, ressalta a presidente do encontro, Fernanda Freitas.

Para discutir a questão da qualificação, haverá o fórum “PROVAB: qual seu papel na organização da APS”, do qual serão palestrantes o MFC e futuro presidente da Sociedade, Nulvio Lermen Junior; além de representantes do Ministério da Saúde (MS) e da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM).

Segundo dados de 2011 do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, o estado de Santa Catarina tem 70% de sua população coberta por equipes da Estratégia de Saúde da Família. No ano 2000 eram apenas 20%. Além disso, atualmente Florianópolis, Lages, Joinvile e Blumenau já possuem residência médica em Medicina de família e Comunidade, o que mostra que a região está preocupada em aumentar a cobertura populacional da ESF no estado de Santa Catarina.

Tratado de MFC será lançado no encontro

Será lançado em 27 de abril, no penúltimo dia do Congresso , o “Tratado de Medicina de Família e Comunidade – Princípios, Formação e Prática” (Artmed Editora), uma obra elaborada pelo presidente da SBMFC, Gustavo Gusso, pelo presidente da Associação Gaúcha de MFC (AGMFC), José Mauro Ceratti Lopes, com a colaboração de mais de 380 profissionais da Atenção Primária do País e do mundo, entre MFCs e áreas correlatas.

Divido em dois volumes com mais de duas mil páginas, o livro traz em sua primeira parte informações referentes aos princípios da especialidade, ensino, pesquisa e gestão. Já no segundo volume, a abordagem é direcionada às questões práticas, vivenciadas no dia a dia pelas equipes de Saúde da Família. Segundo Gusso, este é um livro único sobre o tema, que traz um panorama da MFC, ESF e APS no Brasil. “Esperamos que o Tratado seja bem recebido por todos aqueles que têm ligação com a APS como uma ferramenta de suporte tanto nos aspectos teóricos quanto práticos”, ressalta o autor.

Convidado a comentar o livro, o médico Carlos Grossmann, preceptor de Medicina Interna da Residência em Medicina de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição e Pós-graduado em Medicina Interna pelo Providence Hospital, Washington (D.C.), descreveu da seguinte forma o material. “As obras nacionais de que dispúnhamos não tinham a abrangência teórica e prática deste novo lançamento. Esta é, a meu ver, a importante lacuna que passa a ser preenchida por este magnífico Tratado”.

Dentre os temas estão os sintomas e problemas frequentes da população; prevenção quaternária; como prescrever ou ‘desprescrever’ medicamentos; como lidar com pacientes hiperutilizadores; MFCs em cenários específicos, como favelas e áreas rurais; entre outros. Do cenário internacional, o Tratado conta com as contribuições de Barbara Starfield (in memória), Marc Jamoule, Juan Gérvas, Iona Heath e Trisha Greenhalgh, que escreveram capítulos especialmente para o livro.

O Tratado é indicado a fazer parte da bibliografia de residências de MFC, graduações de medicina, bem como ser um livro presente nos centros de saúde de todo o País.

Confira aqui entrevista com o autor, José Mauro Ceratti Lopes, MFC, preceptor do SSC-GHC; Prof. Dpto. Medicina Social UFCSPA; e presidente da AGMFC.

Informações e inscrições no Congresso acesse www.sulbrasileiromfc.com.br

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