Jornalistas e MFCs debatem sobre a especialidade na mídia

13 de julho de 2015

No penúltimo dia do 13º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, as jornalistas Claudia Collucci, repórter especial da Folha de São Paulo, e Fabiane Leite, produtora de TV, junto a Rodrigo Lima, diretor de comunicação da SBMFC, debateram tópicos sobre como a especialidade pode estar cada vez mais na mídia, moderadores por Enrique Barros, MFC do Rio Grande do Sul.

 

Ao iniciar a mesa-redonda com a apresentação sobre nichos que podem ser explorados, Cláudia deu exemplos bem sucedidos e por onde dá para se avançar, porém são necessárias politicas públicas do Governo Federal e ampliação dos programas com atuação dos médicos de família, além da abertura e inclusão na medicina suplementar. E também deu exemplos de matérias sobre MFC na grande mídia, na coluna que leva seu nome com as matérias Um médico para chamar de seuquestão do impacto da vacina de HPVmédico personalizado, entre outras, cuja fonte de informação foram diretores da SBMFC.  

 

“Há muitos temas quando se pensa em P4, e uma forma de reflexão é sobre trazer esse conceito de prevenção quaternária devido ao nome que é complicado, já o conceito é mais fácil para o publico leigo ter entendimento sobre realmente do que se trata e sua importância.  Explorar mais as pesquisas nacionais e internacionais, histórias de vida, vídeos de situações inusitadas,  uma cartilha sobre o que é P4 para informar aos jornalistas. Exemplo de parcerias bem sucedidas, como o Health News review, uma cartilha para jornalistas sobre como ele deve olhar para um tratamento novo, uma droga nova, ou outro conceito, além de P4, pode ser de outro tema que a Sociedade queira estar mais evidente na mídia”, declara.  

 

Cláudia também explicou sobre o Dollars for docs, instituição de jornalistas independentes que criaram um banco de dados que mostra a verba recebida pelo médico pela indústria farmacêutica. A divulgação desses dados é autorizada via judicial. Nos Estados Unidos, a indústria tem que passar os nomes dos profissionais que tem relação com ela. No Brasil seria preciso uma lei federal para se ter acesso aos dados da indústria, uma lei de formação de interesse público.

 

Fabiane compartilhou dados sobre a crise na mídia e o que isso tem a ver com a MFC. “Há uma queda da audiência com a entrada dos meios digitais, a maioria lê, escuta pelos meios online e principalmente pelos móveis, até a TV a cabo ainda é um meio de expansão na esteira do crescimento econômico. “Estudos mostram que mesmo que a pessoa esteja nas mídias, ela busca como fonte de informação um meio de comunicação confiável”.

 

Entre 2012 e junho de 2015, mais de mil demissões no jornalismo brasileiro foram efetivadas, segundo o voltdata.info. Em um relatório, a Universidade de Columbia (EUA), que cita que jornalismo online é um ecossistema, com o advento da internet, todo mundo passou a se comunicar, a qualidade caiu e vai cair mais, ainda se há uma confusão sobre o papel de quem é o jornalista. Hoje há muitos sites de médicos que não trazem impacto na sociedade e que não tem conteúdo expressivo e torna apenas a informação disponível, sem diversas opiniões.

 

Rodrigo ressalta que os médicos vão em busca de notícias sobre saúde, mas os pacientes também as trazem e que o MFC deve trazer a resposta desse questionamento. “Quando vemos matérias na imprensa são médicos locais. Temos muito a contribuir com o jornalismo de saúde a nível local, nacional, temos feito um movimento. Somos MFCs e temos interesse na promoção da saúde de forma geral e sabemos que não adianta tentar resolver mas se não tiver politicas governamentais, mas precisamos estar na mídia como estratégia de promoção de saúde”, relata.