Tabagismo

Tabagismo


A nicotina

A nicotina é absorvida pelos pulmões e mucosa oral, passando para corrente sanguínea e chegando ao cérebro em no máximo nove segundos. No cérebro, ela age como estimulante, ou seja, fazendo com que funcione de forma mais acelerada.

Ela causa dependência de três formas diferentes: física (responsável por sintomas como nervosismo, distúrbios do sono, depressão e até convulsões), psicológica (responsável pela sensação de ter o cigarro como apoio: momentos de estresse, solidão, perda de uma pessoa querida) e condicionamento (associações habituais com o ato de fumar: tomar café, dirigir, trabalhar, consumir bebidas alcoólicas).

Fora a nicotina, já foram identificadas mais de 4.700 substâncias diferentes na composição do cigarro. Entre elas: acetona (removedor de esmalte), amônia (desinfetante para pisos e privadas), terebintina (diluente para tinta a óleo), naftalina (mata-baratas), formol (conservante de cadáver), fósforo P4/P6 (usado em venenos de ratos), monóxido de carbono presente na fumaça do cigarro (o mesmo que sai do escapamento dos carros) e alcatrão (causador de câncer na boca, garganta, pulmão).

 

O que leva uma pessoa a fumar?

As pessoas são levadas a fumar devido à aceitação social do cigarro, ao fácil acesso (cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo), aos modelos de comportamento, à dependência e à suscetibilidade individual.

Em torno de 90% das pessoas que iniciam tabagismo antes dos 19 anos de idade tornam-se dependentes da nicotina (substância causadora de dependência presente no cigarro).

 

Efeitos do cigarro no organismo

Envelhecimento precoce, derrame cerebral (AVC), catarata, cegueira, mau hálito, infarto do coração, enfisema pulmonar, bronquite, impotência sexual em homens, menopausa precoce em mulheres, gastrite, osteoporose, câncer de garganta, de boca e de pulmão.

O tabagismo representa o maior fator evitável de câncer. Ele é responsável por 30% das mortes por câncer em geral e 90% das mortes por câncer de pulmão.

Na gravidez, o tabagismo pode causar descolamento prematuro de placenta, aborto precoce, bebês com baixo peso, defeitos congênitos a atraso no desenvolvimento mental nos bebês.

 

O que se deve saber para parar de fumar

A vontade forte de fumar (chamada fissura) dura cerca de cinco minutos. Se você sentir isto, beba um copo de água gelada vagarosamente, masque um chiclete sem açúcar ou coma uma fruta. Após este tempo, a cessação passará.

Evite as associações habituais com o ato de fumar: tomar café, dirigir, consumir bebidas alcoólicas.

Se você deseja parar de fumar, principalmente se já tentou parar sozinho e não conseguiu, você pode encontrar ajuda nos CAPS AD (Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas). O Ministério da Saúde está expandindo a rede de apoio aos pacientes tabagistas para os postos de saúde. Informe-se se o posto perto da sua casa realiza o tratamento.

 

Como ajudar?

O tabagismo causa males aos tabagistas, às pessoas que estão próximas e ao meio ambiente. A melhor maneira de combatê-lo é através da informação. Esta deve chegar aos pacientes dos postos de saúde e dos hospitais, às escolas, às igrejas, às associações comunitárias e à nossa própria casa.

A família deve assumir uma postura de compreensão e dar suporte aos tabagistas. Deve evitar a confrontação. No entanto, ela deve buscar conversar sobre o problema e mostrar as alternativas para a sua resolução.

A comunidade deve cobrar dos gestores da saúde a implantação de grupos de combate ao tabagismo nos postos de saúde. A proibição ao fumo no Brasil já está prevista na Lei 9.294/96, que admite, atualmente, o uso desses produtos "em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente" – os chamados fumódromos. No entanto, o Projeto de Lei 315/08 está em tramitação no Senado Federal e proíbe o consumo de cigarros em ambientes coletivos fechados (criação dos ambientes 100% livres do tabaco).

A criação dos ambientes 100% livres do tabaco é fundamental na nossa caminhada. Como sociedade organizada, devemos lutar por isso.

Lembre-se: tabagismo, melhor nem começar. Se você fuma e precisa de ajuda para parar de fumar, procure o posto de saúde mais perto de sua casa.

Se você não fuma, mas tem vontade de experimentar, lembre-se que o cigarro tem nicotina, substância que causa dependência e faz ser tão penoso largá-lo. Melhor, é nem começar.

 

Você sabia?

No Brasil, existem 24 milhões de fumantes. Isto corresponde a 17% da população brasileira, segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA 2010). O cigarro mata 200 mil pessoas por ano em nosso país (aproximadamente dois estádios do Maracanã lotados). Dez brasileiros morrem por hora por causa do cigarro.

Aproximadamente um terço da população mundial adulta é fumante. Deste total de fumantes, dois terços concentram-se em apenas 10 países: China, Índia, BRASIL, Estados Unidos, Japão, Rússia, Alemanha, Turquia, Indonésia e Bangladesh.

Além disso, existem dois bilhões de fumantes passivos no mundo, ou seja, pessoas que não fumam, mas aspiram a fumaça proveniente do cigarro consumido por outras pessoas. O fumante passivo é a terceira causa de morte evitável no mundo, ficando atrás do tabagismo ativo e do alcoolismo.

O tabaco já matou 100 milhões de pessoas no mundo no século vinte e deve matar um bilhão de pessoas até 2100, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O cigarro mata cinco milhões de pessoas por ano no mundo, podendo chegar a 10 milhões em 10 anos. Setenta por cento destas mortes acontecerão em países pobres.

Cigarros, charutos e cachimbos causam mais mortes prematuras do que a soma das mortes provocadas por AIDS, cocaína, heroína, álcool, acidentes de trânsito, incêndios e suicídios.

A cada 15 maços de cigarro produzidos, uma árvore é derrubada. A madeira é usada como combustível na secagem da folha de tabaco e para fazer o papel que enrola o cigarro.

No Brasil, a cultura do tabaco derruba 50 árvores/minuto. O País é o segundo maior produtor e maior exportador de folhas de tabaco do mundo.

 

Autor: Otenberg Júnior
otenberg21@yahoo.com.br