SBMFC alerta sobre medicamento e vacinas contra o H1N1

6 de abril de 2016

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade alerta que corrida da população a farmácias e hospitais para aquisição de medicamento e vacina contra o vírus pode ser substituída por simples cuidados

 

A epidemia do vírus H1N1 em São Paulo fez um alarde na população paulista que lota hospitais particulares em busca da vacinacontra a gripe e também nas farmácias, cujo medicamento para tratar a doença está esgotado. Porém, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFCalerta que a imunidade natural do corpo é o melhor à doença do que a adquirida via medicamentos e produtos artificiais.


A vacina não traz benefícios para quase ninguém. Há alguma evidência para idosos institucionalizados (ou seja, que morem em abrigos, asilos, etc), e muito discreta para idosos em geral, e também para crianças acima de dois anos. Mesmo nesses grupos a eficácia da vacina para evitar a gripe é pequena. Internação ou morte então nem se fala. Os benefícios apontados em informe técnico emitido pelo Ministério da Saúde se baseiam em estudos de qualidade questionável”, explica Rodrigo Lima, diretor de comunicação da SBMFC.


Além disso, Lima ressalta que a vacina não cria imunidade na população, como a maioria das usadas e consagradas. “Então ter muita gente tomando não faz a menor diferença, o benefício que houver, se houver, é individual. No entanto, parece ser segura. Então se mesmo com uma possibilidade pequena de benefício você ainda quer tomar, dá para fazer isso com relativa segurança. Lembrando que gripe mata, mas a H1N1 mata igual à gripe comum. Então não há motivo para pânico”, o médico de família e comunidade.



“Não há evidências suficientes que corroborem a vacinação de pessoas saudáveis, sem outras doenças. E mesmo para o caso de pessoas com outras doenças as evidências são fracas, ou inexistentes. Qualquer dúvida, consulte sempre seu médico de família para tomar a melhor decisão”, orienta Ronaldo Zonta, membro da SBMFC.


Além disso, para tratar a dor e febre dê preferência ao PARACETAMOL ou DIPIRONA. Evite anti-inflamatórios (Ibuprofeno, Diclofenaco, Nimesulida), pois apesar de aliviarem a dor mais intensa podem causar efeitos colaterais. Zonta aconselha que para nariz entupido e coriza sejam usados soro fisiológico nas narinas várias vezes ao dia, ou utilizar de solução caseira para onariz com meia colher de chá de sal em um copo de água morna. “Não use descongestionantes nasais contendo fenoxazolina/nafazolina/oximetazolina, pois podem causar complicações. Evite remédios, xaropes ou similares para gripe que contenham substâncias como pseudoefedrina / efedrina / cafeína), pois podem causar complicações graves principalmente em pessoas com pressão alta”, explica o médico de família e comunidade.


Como forma de amenizar os sintomas, a especialidade orienta o uso de:

– Uma colher de mel várias vezes ao dia (para crianças acima de 1 ano e adultos não-diabéticos);

– Spray de própolis (preferência sem álcool na composição);

– Chás com limão, alho, gengibre;

– Chá de aniz-estrelado;

– Chás ou xaropes contendo guaco e agrião;

– Chá de hortelã;

– Gargarejos com água morna

 

Quanto procurar o Centro de Saúde/atendimento médico ou de enfermagem:

– A febre continuar por mais de 3 a 4 dias e o adulto ou a criança estiver muito abatida;

– Apresentar sintomas como dificuldade para respirar, vômitos e diarreia sem melhora, inchaço nas juntas ou muita dor que não aliviam com medicação;

– A criança parecer doente, irritado, dormindo demais, parar de brincar ou não aceitar comidas ou bebidas;

– Os sintomas não estiverem melhorando ou durarem mais de 7 a 10 dias seguidos

 

Sinais de gravidade (necessidade de avaliação médica):

– Idade inferior a três meses, principalmente recém-nascido;

– Criança com mau estado geral, com cansaço e/ou irritabilidade excessiva, ausência de sorriso;

– Criança com pele muito pálida ou arroxeada;

– Criança com choro inconsolável, respiração gemente ou ofegante;

– Adultos com falta de ar, dificuldade de respirar, dor torácica ao respirar, pressão baixa, alterações de consciência, desorientação, vômitos persistentes.

 

“Tem maior risco de complicações as crianças com menos de 2 anos, os adultos com mais de 60-65 anos, pessoas que vivem em asilos ou instituições de saúde, doentes crônicos (diabéticos mal-controlados, pessoas com problemas pulmonares ou cardíacos, portadores de HIV, por exemplo), gestantes e puérperas. Caso tenha alguma dúvida, consulte sempre seu médico de família

Quem é o médico de família e comunidade (MFC)?

 

A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O MFC éo especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevençãoe recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias. 

 

É um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 3.200 médicos com título de especialista em medicina de família e comunidade.