HPV e gripe: eficácia das vacinações em massa ainda é questionável

18 de agosto de 2017

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, vacinação em massa contra estas doenças não garante benefícios e expõe população a riscos desnecessários
 
As vacinas são medicamentos que oferecem, em maior ou menor grau proteção individual contra doenças, e a depender de sua eficácia, imunidade populacional, ao bloquear a circulação dos agentes causadores destas doenças. As campanhas de vacinação, que buscam essencialmente a proteção da população, fazem parte da história de vários países e especialmente do Brasil, que conta com um dos melhores programas de imunização do mundo. Porém algumas vacinas como as contra a gripe e contra o HPV não garantem boa proteção, o que pode colocar em questionamento as vacinas em geral.
 
“A maioria das vacinas inclusas no calendário recomendado pelo Ministério da Saúde estão consolidadas por seus resultados, pela proteção que oferecem à população, e por isso praticamente não ouvimos falar de casos de doenças como poliomielite, rubéola, sarampo, caxumba, coqueluche. Mas a vacina contra a gripe tem resultados ruins, e a contra o HPV ainda precisa de mais estudos que justifiquem sua utilização em massa”, explica Rodrigo Lima, médico de família e diretor da SBMFC.
 
HPV
A vacina contra o HPV, vírus relacionado ao surgimento do câncer de colo de útero é disponibilizada pelo Ministério da Saúde para meninas entre 9 e 15 anos e meninos entre 11 e 15 anos, mas tem sua eficácia apontada por pesquisas que não são suficientes para apoiar sua utilização como política pública. Além disso, o Brasil já adota uma estratégia para prevenir o surgimento deste tipo de câncer, o exame citopatológico do colo uterino, que identifica lesões pré-malignas com segurança e permite o seu tratamento antes do surgimento do câncer. Este exame, também conhecido como Papanicolau, está indicado para todas as mulheres entre 25 e 64 anos de idade e sua realização é recomendada mesmo para mulheres que já tomaram a vacina, pois a vacina não oferece proteção a vários tipos de HPV relacionados com o câncer. 

"Como o acesso ao exame e ao tratamento de lesões identificadas por ele ainda tem restrições, especialmente entre a população mais vulnerável, seria mais prudente investir o já escasso recurso público na garantia desta ação antes de destinar recursos a uma vacina que ainda carece de comprovação dos seus efeitos", ressalta o médico. Além disso a vacina, embora considerada segura pelas evidências científicas disponíveis mais atuais, ainda é associada a uma série de efeitos adversos em sua maioria não-graves, como dor intensa e mal-estar, mas que incluem desmaios, diabetes tipo 1, doenças neurológicas e até mortes, verificados por sistemas de observação em alguns países e ainda em estudo. Estas preocupações foram registradas em uma revisão elaborada pelo Núcleo de Telessaúde do RS (https://www.ufrgs.br/telessauders/noticias/vacina-hpv/).
 
Gripe
A vacina contra a gripe, por outro lado, não traz qualquer preocupação em relação à sua segurança, mas provoca proteção pequena (não passa de 50% em alguns grupos populacionais) e por isso não cria imunidade na população, como a maioria das usadas e consagradas. “Então ter muita gente tomando não faz a menor diferença para a população em geral. O benefício, quando houver, será apenas individual. O problema com ela é apenas o desperdício de dinheiro, ao ponto do próprio Ministério da Saúde ter determinado a distribuição das doses a qualquer pessoa interessada em tomar a vacina, pois iriam sobrar milhares de doses da mesma, e esta medida carece de evidência científica que a justifique", explica Lima.
 
Medicina de Família – O que é?
O MFC acompanha os pacientes em seu contexto familiar e social diagnosticando e tratando os problemas mais frequentes e, principalmente, prevenindo doenças (câncer, hipertensão, diabete e etc) e promovendo a saúde. É conhecido como “médico de cabeceira”, ou seja, aquele que o paciente procura primeiro quando pensa em um serviço de saúde. Por acompanhar as mesmas pessoas ao longo do tempo, em várias situações e com diversos problemas. É a especialidade médica responsável por cuidar da saúde das pessoas sem restrição de idade ou sexo, estando elas doentes ou saudáveis.


Está presente em todo o Brasil no atendimento privado e público. No setor público, o MFC integra a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), que atende a maior parte dos municípios e oferece acesso a mais da metade da população brasileira.