Corrimento Vaginal

Corrimento Vaginal

 

O que é?


O corrimento vaginal é um problema que comumente incomoda as mulheres ao longo da vida e representa uma das principais causas de consultas ginecológicas, cerca de 30 % dos casos.


É preciso se ter em mente que nem todo fluxo genital implica em uma doença e nem toda doença é infecciosa. As mulheres possuem uma secreção vaginal fisiológica que pode variar de intensidade de acordo com influências hormonais (fase do ciclo menstrual, uso de hormônios, gravidez), orgânicas (excitação sexual) e psicológicas. Quando o equilíbrio entre estes fatores se rompe é que ocorrem os processos inflamatórios e infecciosos, os quais são chamados de “vulvovaginites” ou corrimento vaginal como preconiza o Ministério da Saúde.


Esse corrimento vaginal geralmente se caracteriza por aumento do fluxo vaginal associado a prurido (coceira) vulvovaginal, dor ou ardor ao urinar e sensação de desconforto pélvico. Entretanto, muitas infecções genitais podem ocorrer sem nenhum sintoma.


Causas


As três principais causas de corrimento vaginal e que representam 95% dos casos são:


1. Vaginose Bacteriana
2. Candidíase Vulvovaginal
3. Tricomoníase

1. Vaginose Bacteriana
É um conjunto de sinais e sintomas resultante de um desequilíbrio da flora vaginal, que implica numa diminuição dos lactobacilos e um crescimento de bactérias, principalmente a Gardnerella vaginalis.
epresenta a principal causa de corrimento vaginal incidindo em aproximadamente 45% das mulheres. Não se trata de infecção de transmissão sexual, apenas pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com sêmen de pH elevado.


Suas características clínicas incluem corrimento vaginal com odor fétido (semelhante a “peixe podre”), mais acentuado após a relação sexual e durante o período menstrual, corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso e algumas vezes bolhoso. Embora o corrimento seja o sintoma mais frequente, quase a metade das mulheres com vaginose bacteriana são completamente assintomáticas.
O tratamento recomendado se dá com uso de antibiótico.


2. Candidíase Vulvovaginal
É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo que habita a mucosa vaginal e digestiva, que cresce quando o meio torna-se favorável para o seu desenvolvimento. Representa a segunda causa mais comum de corrimento vaginal.


A relação sexual não é a principal forma de transmissão, visto que esses organismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas. Cerca de 80 a 90% dos casos são devidos à Candida albicans.
Alguns fatores podem predispor a proliferação do fungo como: gravidez, diabetes, obesidade, uso de anticoncepcionais orais de altas dosagens, uso de antibióticos ou corticóides, hábitos de higiene e vestuário inadequados e contato com substâncias alérgenas ou irritantes.


Os sinais e sintomas mais comumente apresentados são: prurido (coceira) vulvovaginal (principal sintoma), ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”), vermelhidão e edema vulvar, fissuras e maceração da vulva, dor durante a relação sexual, fissuras e maceração da pele e vagina e escoriações de coçadura.
O tratamento pode ser feito com antifúngicos na forma de creme vaginal ou por via oral.


3. Tricomoníase
É uma infecção causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis que tem os seres humanos como únicos hospedeiros e nos homens costuma ser assintomáticos, enquanto nas mulheres quase sempre causam sintomas.
Sua transmissão ocorre através da relação sexual desprotegida.


O sintoma predominante é o corrimento abundante, amarelo ou amarelo-esverdiado (mais comum), mal cheiroso e bolhoso. São comuns também os sintomas inflamatórios na vulva e na vagina, como: ardência, vermelhidão e edema vulvar e vaginal, prurido vulvar e, às vezes, dor ao iniciar a relação sexual. Em alguns casos pode acometer a uretra e bexiga e causar ainda dor ao urinar, aumento na frequência e volume urinário e dor em baixo ventre. O tratamento é feito com antifúngicos por via oral.


Como eu posso prevenir?

A Candidíase e a Vaginose, por não serem doenças sexualmente transmissíveis, podem ser evitadas com medidas simples como:

  • hábitos de higiene corretos
  • dormir sem calcinha
  • usar calcinha de algodão
  • dar preferência às roupas mais soltas e leves de modo a proporcionar uma boa ventilação, evitando assim, o aumento do calor e da umidade local na genitália.

Já a Tricomoníase, como é uma DST, pode ser evitada com uso de preservativo nas relações sexuais.


Quando devo procurar o Médico de Família e Comunidade?

O Médico de Família deve ser procurado sempre que qualquer dos sinais e sintomas acima citados estiver presente, pois o tratamento se dá com uso de medicações diferentes e em doses específicas para cada tipo de doença.

 

Autor: Emílio Pena Bueno
emiliopenambueno@hotmail.com

Graduação: Centro Universitário UNIRG (Gurupi – TO) 2009
Residência Médica (cursando-R1): Medicina de Família e Comunidade – Santa Casa de Misericórdia de Goiânia
Especialização: Ultrassonografia Ginecológica,Obstétrica e Medicina Interna – Clínica Fértile Diagnósticos (Goiânia – GO)
 


Bibliografia:

• Ministério da Saúde – Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis, 2006.
• CDC – 2006.
• Ginecologia Ambulatorial Baseada em Evidências Científicas, Coopmed, 2ª edição, 2008.