Grupos discutem desafios dos Programas de Residência de Medicina de Família e Comunidade

Grupos discutem desafios dos Programas de Residência de Medicina de Família e Comunidade

 Quatro temas foram alvo de debate entre os participantes da Oficina Nacional dos PRMFC. As sínteses dos grupos farão parte do documento final do encontro.

Por Mayrá Lima

Durante a Oficina Nacional dos PRMFC, os cerca de 50 participantes se dividiram em grupos. Os objetivos do debate incluíram a identificação dos desafios dos Programas a partir do fortalecimento e valorização de inciativas coletivas. Além disso, os grupos tinham que estabelecer diretrizes de atuação no curto, médio de longo prazo.

Quatro temas principais indicaram a quantidade de grupos que puderam se reunir tanto presencialmente, em Brasília, quanto de forma virtual. Os grupos, em um segundo momento, também se mesclaram de acordo com a afinidade temática. As contribuições sistematizadas serão a base para a construção do documento final do encontro.

O primeiro tema tratou da Avaliação do Desenvolvimento de Competências em Medicina de Família e Comunidade (MFC). Para Maria Inez Padula Anderson, professora e coordenadora do PMFC da UERJ, o grupo teve a preocupação de revisar as competências diante da abrangência da especialidade. “Tivemos a preocupação de não fragmentar muito o olhar, ou seja, estabelecer as bases estruturantes que compõem a prática da MFC e verificar que são necessárias algumas ações para isso”, disse.

Segundo Maria Inez Padula Anderson, houve um processo de avaliação e levantamento do que os Programas usavam como parâmetros de competência e como avaliavam os Residentes. Foram verificados vários instrumentos a serem reunidos de forma a subsidiar uma revisão dessas competências e das diretrizes curriculares da SBMFC, estabelecidas há sete anos.

“Nesse processo, queremos estimular um manual de avaliação para utilização dos PRMFC, tanto para avaliação dos residentes, quanto para a avaliação dos preceptores e para o Programa como um todo”, afirmou Maria Inez Padula Anderson, que também é Diretora Científica e de Desenvolvimento Profissional Contínuo da SBMFC.

O segundo tema tratou da situação do ano opcional de RMFC e das áreas de atuação relacionadas com a MFC. Marco Túlio Ribeiro participou deste debate e é supervisor do PRMFC do município de Fortaleza, vinculado à Universidade Federal do Ceará. De acordo com o também Vice-Presidente da SBMFC, o grupo discutiu o terceiro ano da RMFC, mas ampliou a questão diante da identificação da necessidade de rever a matriz curricular dos PRMFC.

“A gente entende que dois anos de formação pela matriz talvez esteja inadequado, mas a gente vê que é preciso aperfeiçoar os programas, aperfeiçoar a matriz de competência, adequando à necessidade do Brasil. Em relação ao R3, a gente elencou que se precisa avançar para a Medicina Paliativa, para a Atenção Domiciliar, para a Abordagem Familiar, para a Medicina Rural e Populações Vulneráveis. Precisamos ainda fazer uma pactuação com a Comissão Nacional de Residência Médica e com a Associação Médica Brasileira”, disse Ribeiro.

Redes e Programas de Provimento

Os temas restantes debatidos em grupo buscaram avaliar as experiências de Programas em rede e a repercussão dos programas de provimento vigentes na RMFC. Atualmente, os dois principais programas de provimento são: “Médicos pelo Brasil” e o Programa Mais Médicos, que embora tenha sido finalizado, ainda existem contratos em andamento.

Para Alexandre de Figueiredo, docente da Universidade Federal da Paraíba e supervisor do PRMFC da mesma Universidade, os dois temas são interligados diante do objetivo de se buscar a qualidade da formação da MFC. “Pensar em redes, pensar no provimento, tudo faz parte de uma política. Então a gente estruturou identificações sobre a situação atual, diante de um diagnóstico mais claro acerca da formação e da distribuição dos médicos na Atenção Primária”, explicou.

Curso para a formação de preceptores e a organização de um Observatório para a sistematização de dados foram ações sugeridas por estes grupos temáticos.  Figueiredo ainda alertou para as dificuldades de provimento, diante de programas públicos que não dialogam entre si. O Programa Médicos pelo Brasil, apesar do lançamento em 2019, só começará a contratar médicos a partir deste ano de 2022.

“Há uma grande formação de médicos em Medicina de Família e Comunidade que a gente ainda não conseguiu identificar para onde eles estão indo. Também há muita coisa do programa Médicos pelo Brasil que aparentemente não estão estruturadas, ou pelo menos não estão tão publicizadas de uma forma que gere uma compreensão para os gestores sobre do que é o programa em si e como ele vai planejar a contratação dos médicos. Isso dificulta uma real dimensão do que está acontecendo e de como vai ser essa política em curto, médio e longo prazo”, completou Figueiredo.