29 de agosto de 2020
O Brasil é um país marcado por desigualdades. Gênero, raça, classe e orientação sexual são marcadores que vão atravessar a construção social e a experiência de viver e adoecer de cada pessoa. Quando abordamos a saúde de populações socialmente marginalizadas, as quais não tem o controle discursivo sobre suas identidades e vivências, é de extrema importância atentar para não produzir generalizações e novas formas de opressão. Nesse sentido, a perspectiva interseccional se coloca como essencial para compreender as vivências múltiplas de mulheres lésbicas na sociedade brasileira.
Ser lésbica implica em conviver com ao menos duas formas de opressão social: ser mulher e lidar com o sexismo vigente em uma sociedade que não a respeita como sujeita de direitos iguais; e não corresponder ao roteiro estabelecido para o gênero feminino: a hetossexualidade compulsória. Lésbicas e outras mulheres que se relacionam com mulheres convivem com o estigma social imposto à população que não se adapta a cisheteronormatividade. A sexualidade de mulheres lésbicas é duplamente negada por uma sociedade incapaz de reconhecer os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, ainda mais se estes não servem ao patriarcado.
No entanto, as relações sociais de lésbicas brasileiras não são atravessadas apenas por esses marcadores. Classe, raça e identidade de gênero são formas de opressão que vão interagir e atuar diretamente no processo de saúde e adoecimento e, portanto precisam ser percebidos e acolhidos pela Atenção Primária à Saúde, com vistas a um cuidado integral com equidade.
Neste dia 29 de agosto, dia do orgulho lésbico, o GT de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos sugere a leitura de dois textos com o intuito de estimular a reflexão sobre vivências marginalizadas de lésbicas negras e favelizadas.
Não é possível pensar em cuidado à saúde de lésbicas, sem considerar contexto e a intersecção com opressões que vão delimitar as relações sociais e as experiências de cada uma dessas mulheres.
Confira a matéria publicada no Le Monde Diplomatique Brasil e os artigos sugeridos abaixo para embasamento. Os artigos complementares estão disponíveis na página:
Matéria Le Monde Diplomatique
Sociabilidade favelada: experiências de lesbianidades na Maré
Artigos:
TRAJETÓRIAS DE MULHERES NEGRAS LÉSBICAS