Dia Mundial de Combate a Asma – 5 de maio de 2020

5 de maio de 2020

Sonia Maria Martins – Médica de Família e Comunidade – coordenadora adjunta do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios – GRESP

Isaac Ferro – Médico da Estratégia de Saúde da Família no Rio Grande do Sul – coordenador de comunicação do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios – GRESP.

Talitha Carvalho – Médica de Família e Comunidade – coordenadora do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios – GRESP.

Nesta terça-feira (5), comemora-se o ​Dia Mundial de Combate a Asma , celebrado desde 1998 sempre na primeira terça-feira do mês de maio. A asma é uma doença respiratória crônica considerada um problema de saúde pública que afeta indivíduos de todas as faixas etárias em todas as partes do mundo. Apesar de ser considerada uma doença sem cura é possível ser controlada. Mesmo com diretrizes estabelecidas para o cuidado adequado da asma e da disponibilidade de tratamento, ​várias pessoas ainda vivem com asma não controlada, com consequente prejuízo da qualidade de vida e custos diretos e indiretos à sociedade.

A asma é marcada por ataques recorrentes de falta de ar e chiado no peito, que variam em gravidade e frequência de pessoa para pessoa. De acordo com o relatório global da asma 2018( ​www.globalasthmareport.org​) estima -se que afete até 339 milhões de pessoas em todo o mundo. O ​Brasil é o 8o país em prevalência de asma (~10%) de acordo com a iniciativa global para a asma-GINA (​https://ginasthma.org/)​ .

A asma é subdiagnosticada e subtratada, criando uma carga substancial para indivíduos e famílias. Um estudo brasileiro recentemente publicado mostrou que a mortalidade da asma no no Brasil ainda é alta. Embora tenha havido uma pequena redução (10%) do total de óbitos de 2008 para 2013, aproximadamente 3 pacientes ainda morrem de asma diariamente no país. As internações hospitalares em decorrência de doenças respiratórias são um resultado negativo na qualidade de vida dos pacientes e no sistema público de saúde. O Brasil, de acordo com o DATASUS, tem mais de 120.000 hospitalizações anuais por asma. Apesar da redução das internações hospitalares por asma durante o período analisado(36%), as internações ainda continuam altas. No entanto, essa queda se traduz em um achado positivo para o sistema público de saúde do ponto de vista epidemiológico, a esse fato atribui-se a implantação de uma política nacional de saúde pública pelo Ministério da Saúde em 2009, pela qual medicamentos para asma (beclometasona e salbutamol) passaram a ser fornecidos de maneira fácil e gratuita em todo o território nacional. É possível que essa política de saúde pública tenha facilitado o acesso a medicamentos de controle e resgate para pacientes com asma em todo o país.

A asma é uma Condição Sensível à Atenção Primária (CSAP), termo que diz respeito à efetividade da atenção ambulatorial e a capacidade de evitar internações, prevenir e tratar precocemente a enfermidade aguda ou controlar a enfermidade crônica. Está entre os 20 principais motivos de procura por atendimento na Atenção Primária à Saúde (APS), sendo também importante causa de consultas em serviços de urgência e ambulatoriais.

A maioria das pessoas com sintomas de asma é vista no contexto da APS. Os médicos nesse nível da atenção desempenham um papel crucial no diagnóstico da asma e no trabalho com os pacientes para gerenciamento dos seus sintomas. No entanto, as evidências indicam que, para um número substancial de pacientes, o controle da asma é inadequado por várias razões, relacionadas tanto ao médico como ao paciente.

Os pilares para as boas práticas no cuidado da asma pela APS são : Avaliação e controle para direcionar os cuidados e ​revisão do diagnóstico e gerenciamento que inclui : confirmação do diagnóstico; h​istórico médico anterior; c​ompreensão do paciente; ​verificação da técnica inalatória; discutir e revisão a adesão terapêutica; v​erificação do status de tabagismo, ofertando conselhos adequados para parar de fumar sempre que apropriado; revisão dos gatilhos de estilo de vida e asma; revisão de outras condições associadas; ​análise do tratamento de acordo com as orientações nacionais; r​evisão e discussão do plano de ação da asma; a​daptação do plano de ação da asma para atender às necessidades do paciente e estabelecimento de metas acordadas; avaliação da dependência de beta-2-agonistas de curta ação.

Nesse momento, diante da pandemia da Covid-19 ressaltamos de acordo com o consenso de especialistas que pessoas com asma não são mais propensos a adquirir a infecção, no entanto, apresentam mais risco de desenvolver complicações em caso de contágio. Para isso, ressalta-se a importância de não interromper o tratamento da asma, de modo que o médico de família e as equipes de atenção primária devem se colocar à disposição dos pacientes para orientação e esclarecimento das suas dúvidas.

Diante desse contexto o Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios – GRESP/ SBMFC vem estabelecendo parcerias com organizações nacionais e internacionais para subsidiar as equipes da atenção primária a fim de melhorar o diagnóstico e o gerenciamento de asma, passando a realizar traduções de documentos e materiais validados internacionalmente, adaptando-os ao contexto da nossa realidade.

 

FONTES :

INTERNATIONAL PRIMAY CARE RESPIRATORY GROUP -IPCRG. Acessado em 29 de abril através do endereço : ​https://www.ipcrg.org/

GLOBAL ASTHMA REPORT, 2018. Acessado em 29 de abril através do endereço:​https://​www.globalasthmareport.org​.

GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Acessado em 29 de abril através do endereço:​https://ginasthma.org/​.

Cardoso TA, Roncada C, Silva ER, Pinto LA, Jones MH, Stein RT, Pitrez PM. Impacto da asma no Brasil: análise longitudinal de dados extraídos de um banco de dados governamental brasileiro J.Bras Pneumol. 2017;43(3):163-168 ) .

Lenz MLM , Camillo E G, Silva DDF , Pires NBV ,Flores R. Atendimento sequencial multiprofissional de crianças e adolescentes com asma em um serviço de atenção primária à saúde . Rev. APS. 2014 out/dez; 17(4): 438 – 449.)