Nota de pesar

10 de dezembro de 2012

Falar sobre o amigo Luiz Felipe é dizer da cumplicidade, da parceria e da admiração trocadas ao longo de 28 anos. Falar sobre o profissional Dr. Luiz Felipe é dizer que se tornou Médico de Família em 1983, formado pela Residência do Murialdo, e desde então participou ativamente da construção da Medicina de Família e Comunidade no Brasil. Isto seria suficiente, mas quem quiser saber mais siga lendo.

Falar sobre o amigo Luiz Felipe é dizer que detestava sagu e arroz doce; que me chamava de “Zé Mário” quando queria me provocar, chamar atenção ou contar uma novidade palpitante (eu já sabia o que vinha pela diferença de entonação que dava!); do hábito de chamar as pessoas que gostava pelo diminutivo…; de usar “meu caro” e “minha cara” quando ia argumentar; é lembrar o almoço diário (menos nas terças); do momento pós-almoço reservado para as “fofocas saudáveis”, para falar do Grêmio, e traçar os planos de uma aposentadoria para trabalhar “menos”; de recordar o orgulho que tinha de ser “do quarteto de pinguins” e do “núcleo duro da MFC”; de como gostava quando elogiavam suas camisas: ficava faceiro e exibido; de relembrar as “empreitadas” assumidas que nos fazia parecerem caixeiros-viajantes; é recordar das paixões e decepções que nos motivavam ao longo dos anos; de sua preocupação em ser correto e da fidelidade que tinha com seus amigos; de uma sinceridade que polemizava; e lembrar-se da motivação para viver e dos muitos planos elaborados nos últimos noventa dias, da ultima viagem, da ultima conversa… Enfim, um grande e muito especial amigo, de uma amizade construída, numa parceria de muitas estórias e histórias.

Falar sobre o profissional Dr. Luiz Felipe é dizer que sua importância como exemplo e modelo de médico de família transcende cargos, representações e atividades, mas cabe citar algumas no sentido de documentar a relevância de sua participação profissional. Atuou na Unidade Conceição como médico e preceptor do Serviço de Saúde Comunitária do GHC (SSC-GHC) desde 1984, quando foi aprovado em concurso público, ajudando a construir este Serviço. Mesmo ocupando diversos cargos por muitas vezes (Chefe de Unidade, Supervisor da Residência, Coordenador COREME) e funções representativas, nunca se afastou das atividades clínicas – da chamada “ponta”. Desempenhou papel importante associativo, sendo da Direção do Departamento de Saúde Coletiva da AMRIGS na década de 1980; do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre nos anos 80; participou do projeto de divulgação da MFC e ESF pelo SENAR nos anos 90; foi Integrante da Diretoria da AGMFC em várias gestões; foi Vice-Presidente da SBMFC; era membro da CEREN-RS há muitos anos; atuava como membro da Câmara Técnica de MFC do CREMERS; foi professor da ULBRA e da UCS; participou da criação dos programas de Residência em MFC do Hospital da Cidade de Passo Fundo e da Universidade de Caxias do Sul (UCS); e estava Presidente da AMEHC.

Se antes ajudava a construir a história da Medicina de Família, hoje é parte fundamental desta história.

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