Países da região iberoamericana se reúnem para discutir o papel da MFC na pandemia do coronavírus

31 de março de 2020

No último dia 28, a Confederação Iberoamericana de Medicina Familiar (CIMF) e Organização Mundial de Medicina de Família (WONCA) organizaram discussão online para médicos de família e comunidade da região com o objetivo de discutir o papel da especialidade na pandemia do coronavírus.  A reunião contou com a participação de 300 profissionais pelo Zoom e mais 200 pelo Facebook  com troca de informações ativa de informações sobre atual situação e enfrentamento dos profissionais da Atenção Primária. 

As apresentações foram feitas por presidentes de associações nacionais de medicina de família e comunidade do Brasil, Colômbia, Equador, Peru, República Dominicana, Espanha e Portugal.

Viviana Martínez-Bianchi (argentina-americana), professora de medicina da família na Universidade Duke e membro do Comitê Executivo da Wonca, juntamente com Thomas Meoño, da Costa Rica, coordenador executivo do CIMF, foram os moderadores da reunião.

Para Daniel Knupp, presidente da SBMFC, avaliar o panorama da pandemia pelo COVID-19 na nossa região, conhecer um pouco da experiência dos diferentes países e fortalece os laços de cooperação entre as sociedades de MFC. “Nos chamou atenção o relato de que em Portugal e principalmente na Espanha, onde a pandemia já provoca um impacto maior no sistema de saúde, tem havido um movimento de se esvaziar os serviços de APS transferindo MFCs e demais profissionais de saúde para atendimento em serviços de internação, incluindo os hospitais de campanha que vem sendo montados. Foi um consenso que é fundamental fortalecer o papel da APS no atendimento às pessoas com sintomas leves, que não necessitam de internação, como forma de evitar a sobrecarga do sistema de saúde. O clima de confraternização e apoio mútuo também foi algo que chamou atenção. Especialmente nesse momento de grande tensão para os MFCs”. 

Confira os comentários de Jacqueline Ponzo – Presidente da CIMF-WONCA

O objetivo da reunião foi compartilhar o conhecimento e a experiência que estão ocorrendo em cada país, através da história de colegas que estão trabalhando na linha de frente da contenção da epidemia. Além de aprender com as experiências e o compartilhamento.

Porém, o encontro foi ainda mais poderoso. Antes do horário marcado, cem pessoas conectadas já estavam conectadas. Nesse momento em que o toque não é permitido, a alegria do encontro se torna tangível. A virtualidade nos uniu e protegeu os dois lados do Oceano Atlântico, norte e sul da América.

Ao longo de duas horas de intercâmbio, a jornada pela realidade de cada país também nos levou às mais variadas emoções: orgulho, desamparo, frustração, indignação, tristeza, rebelião.

Houve clareza e coincidência ao apontar que a pandemia de Covid19 é um problema de saúde da comunidade, que não é suficiente aumentar os leitos de CTI, que indivíduos e famílias precisam de cuidados e apoio em suas comunidades, que a medicina de família e comunidade possui as competências necessárias para prevenção e atendimento por meio de atendimento domiciliar, telemedicina, atendimento em serviços de primeiro nível de atendimento.

Os problemas são muitos e difíceis. Eles variam da falta de máscaras faciais à dureza de enfrentar a morte e até mesmo com decisões de desconectar-se da AVM de pessoas que, embora velhas, mantiveram suas habilidades intactas até adoecer.

As condições de trabalho seguras e a disponibilidade de equipamentos de proteção individual surgiram como uma das maiores preocupações. Do total de casos Covid19, mais de 10% correspondem a trabalhadores da saúde. Em alguns de nossos países, a situação é crítica. Continuaremos em comunicação contínua e, no próximo sábado, às 17 horas no Brasil, teremos uma segunda teleconferência com a apresentação de outro grupo de países da região.