Tudo sobre a programação do 17° CBMFC

29 de junho de 2023

Fortaleza será palco, entre 20 e 23 de setembro, da 17ª edição do Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade (CBMFC). O Centro de Eventos do Ceará receberá alguns milhares de participantes de todas as partes do país para discutir os avanços e desafios da atenção primária à saúde.

         Em entrevista, Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e Coordenador da Comissão Científica do CBMFC, traz mais informações sobre a farta programação do evento.

Como foi construída a programação do Congresso?
A construção da programação, como costumeiramente, foi feita de forma colegiada e democrática. Dividimos a Comissão Científica escalando dois coordenadores para cada um dos seis eixos: 1. estratégia de saúde da família: agora mais do que nunca; 2. técnico-político – sistemas e políticas de saúde, medicina de família e comunidade e atenção primária à saúde; 3. abordagem centrada na pessoa na MFC e na APS; 4. abordagem familiar na MFC e na APS; 5. abordagem comunitária na MFC e na APS; 6 residência, graduação, pós-graduação e pesquisa em medicina de família e comunidade na atenção primária à saúde. Isso além de mim e da dra. Inez Padula Anderson. Também como em outras edições, fizemos uma provocação aos sócios, pedindo que inscrevessem atividades no Congresso. Foram mais de 260 sugestões recebidas, entre conferências, mesas redondas, oficinas, minicursos e rodas de conversa. Todas passaram por avaliação de dois pareceristas, e incluímos na grade cerca de 150: aquelas com pontuação acima de 8.5. É número de bastante expressivo para um congresso presencial, perde apenas para a nossa última edição virtual que não carecia de espaço físico. Importante mesmo é que os congressistas poderão se atualizar em atividades de alto nível, com temas relevantes e atuais que fazem parte do dia a dia do médico de família.

Os eixos permeiam todas as pautas de interesse das várias áreas de medicina da família?
Com certeza. O primeiro eixo, estratégia de saúde da família: agora mais do que nunca, se liga diretamente àquilo que vivenciamos no modelo da APS no Brasil. Contaremos com discussões acerca da macro e da micropolítica na atenção primária no eixo técnico-político. Já o eixo centrado na pessoa apresentará temas relacionados à clínica da medicina de família, como os problemas que se sobressaem na atenção primária. As competências das ferramentas de abordagem familiar serão destacadas no eixo de abordagem de família; enquanto no eixo de abordagem comunitária, trataremos da importância de resgatar o viés comunitário do atendimento. Por fim, no eixo de residência, graduação, pós-graduação e pesquisa, a formação médica será nosso foco. Atividades interessantes estão distribuídas entre todos os eixos. Em cursos e oficinas, os médicos poderão atualizar sua prática clínica, mas também poderão debater questões amplas em mesas redondas e rodas de conversa. Teremos, inclusive, convidados internacionais discutindo a experiência da medicina de família e da atenção primária em outros países.

Temas como saúde da mulher, dos povos originários, da população preta e LGBTQIA+ farão parte de qual eixo?
De todos eles. As populações mais vulneráveis não se fixam a um eixo apenas; estarão presentes em todos os tipos de atividades, sem restrições temáticas. Serão assuntos  de muita riqueza e tratados com profundidade.

Haverá atividades voltadas para a prática?
Sim, teremos oficinas, mesas e minicursos que tratarão da prática, do cotidiano dos médicos de família. Haverá mesas, por exemplo, esmiuçando os cuidados paliativos e a comunicação de más notícias; oficinas abordando temas relacionados à saúde mental, como manejo de medicamentos, e oferecendo aos participantes a chance de treinar em modernos manequins procedimentos como inserção de DIU. Em suma, serão várias oportunidades de capacitação.

Existe na programação alguma atividade específica para jovens médicos residentes e para as ligas de medicina da família e comunidade?
Teremos um fórum de residência, atividades contemplando os médicos residentes. Um espaço para debater o ensino de medicina da família, discutir casos e situações de mestrado e doutorado. Ofereceremos ainda atividades que trabalham competências da graduação, reunindo preceptores, professores e estudantes. Nossa Diretoria de Graduação tem, inclusive, articulado com as ligas a discussão sobre a graduação de medicina da família. Desde o último congresso, já tivemos três oficinas. No Congresso da ABEM, Associação Brasileira de Educação Médica, houve também uma oficina para tratar do tema. A ideia é justamente ter um produto para orientar as instituições quanto a um novo currículo de medicina de família e comunidade.

Será contemplada a temática das novas ferramentas tecnológicas, da telemedicina, do uso da inteligência artificial na prática médica?
Discutiremos, sim, a telemedicina e todas essas ferramentas que podem ajudar o médico de família a tomar decisões. Teremos uma mesa de debates sobre telemedicina e inteligência artificial. Trata-se de uma discussão ampla, que envolve não apenas a utilização das tecnologias, mas o “como” e o “porquê”.

O Congresso tem recebido submissões? O que se vislumbra para a apresentação de trabalhos?
Tivemos bastante êxito. Foram recebidos mais de 1500 trabalhos científicos. Aprovamos quase 1000 posters e mais de 200 apresentações orais – cerca de 1200 submissões, portanto. Nas apresentações orais, que serão comentadas, o colega médico poderá, com a mediação de um coordenador, compartilhar sua experiência.

A programação do Congresso também contemplará de alguma forma a participação da sociedade, da comunidade de Fortaleza?
É algo que estamos planejando com agentes comunitários e Conselhos Populares, pois desejamos que as atividades tenham participação popular. Buscamos sensibilização acerca da necessidade de participação social na formação de políticas públicas em saúde no Brasil. Representantes dos agentes comunitários, das comissões locais e estaduais estarão presentes. Nosso propósito é construir um evento plural, culturalmente impactante e bastante participativo, para além das atividades científicas, ampliando o escopo do olhar sobre a saúde.

E qual é o público-alvo do Congresso?
Médicos e médicas de família, estudantes de graduação e pós-graduação, residentes, profissionais de saúde que atuam na atenção primária e gestores, principalmente. Como já foi dito, será um congresso plural. Teremos aqui palestrantes internacionais de renome, representantes da WONCA (World Organization of Family Doctors), do movimento latino-americano de medicina de família e outras referências mundiais na área. Esperamos ainda receber autoridades como a ministra da Saúde, Nísia Trindade. O convite também foi feito ao presidente Lula.

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Nesse link você conhece os palestrantes internacionais