Você já ouviu falar sobre assexualidade?

6 de abril de 2024

Dia 06 de abril é o Dia Internacional da Visibilidade Assexual, uma data importante de reconhecimento da luta de pessoas assexuais no combate à patologização e por validação. Hoje estima-se que cerca de 0,4% a 1% da população mundial identifique-se como assexual.

Assexualidade é uma identidade de orientação sexual e é autorreferida, ou seja, é declarada pela própria pessoa, não cabendo a profissionais de saúde fazê-lo ou mesmo fazer sua associação a transtornos.

O termo pode ser usado como “guarda-chuva”, dentro do qual podem caber outras identidades de orientação sexual. Pessoas assexuais podem se localizar na área cinza do espectro (grayssexual), geralmente por sentirem atração sexual condicionada a uma situação específica (por exemplo pessoas demissexuais, sapiossexuais, dentre outras) e podem, também, se localizar na área estrita do espectro (assexual estrita). Da mesma forma, existem outras formas de identificação no espectro da assexualidade que não necessariamente se encontram nessas divisões.

Um erro comum é considerar que pessoas assexuais (ou ace) não se relacionam com outras pessoas, são frias ou não tenham práticas sexuais individuais ou mesmo com outras pessoas. Há inúmeras formas de se relacionar que não necessariamente dependem da atração sexual. Pessoas assexuais podem se atrair romanticamente (ou não) de diversas formas, afetivamente (ou não) de diversas formas, constituir (ou não) família, ter (ou não) parcerias e relações sexuais.

A assexualidade não é um transtorno ou fruto de algum trauma ou doença, pois não é algo que traz sofrimento. Acompanha a pessoa por toda a sua vida, não estando relacionada a níveis hormonais ou a qualquer outro parâmetro bioquímico. A assexualidade estrita não é celibato e tampouco transtorno de desejo sexual hipoativo, que são, respectivamente, uma escolha e uma entidade nosológica. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais V (DSM V), pessoas que se identificam como assexuais não devem receber diagnóstico de Desejo sexual hipoativo. A compulsoriedade da nossa sociedade à atração sexual (alonormatividade) frequentemente é violenta, invisibiliza, deslegitima e patologiza pessoas assexuais.

A chave para um cuidado adequado em saúde é o respeito e o conhecimento. Entender as individualidades e diversidades das pessoas, compreender suas perspectivas e não estigmatizar constituem os primeiros passos para proporcionar uma assistência em saúde digna para todas as pessoas.

Referências:

  • Grupo de Trabalho em Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos da SBMFC. Mitos e Verdades sobre Saúde da População LGBTIA+. SBMFC; 2020. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Cartilha-LGBTIA.pdf
  • Dawson M, McDonnell L, Scott S. Negotiating the boundaries of intimacy: the personal lives of asexual people. Sociological Review, 2016; 64(2): 349-365.
  • American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5®). American Psychiatric Pub; 2013.
  • Brotto LA, Yule M. Asexuality: sexual orientation, paraphilia, sexual dysfunction, or none of the above? Arch Sexual Behavior. 2017;46(3):619-27.

Siga comunidades de pessoas assexuais e que estudam assexualidade:
https://www.instagram.com/coletivoabrace/ (Coletivo Abrace)
https://www.assexualidade.com.br/ (Comunidade Assexual)
https://www.asexuality.org/ (AVEN – The Asexual Visibility & Education Network)

Autorias:
Ana Paula Andreotti Amorim
Bruna Couto Novaes
Daniele Caséca Ruffo
Guilherme Antoniacomi Pereira
Marcello Medeiros Lucena
Sabrina Fausto