Redução da frequência cardíaca pode melhorar desfechos clínicos na insuficiência cardíaca

O aumento na frequência cardíaca em repouso é um fator de risco para desfechos adversos em pacientes com insuficiência cardíaca. Os pesquisadores da Suécia, França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Itália buscaram avaliar o efeito da redução da frequência cardíaca pelo inibidor seletivo do nó sinusal ivabradina nos desfechos de insuficiência cardíaca. Para serem elegíveis para participação neste estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e de grupo paralelo, os pacientes deviam ter insuficiência cardíaca sintomática e uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 35% ou menor, estar em ritmo sinusal com frequência cardíaca de 70 batimentos por min. ou mais, ter sido internados no hospital por insuficiência cardíaca durante o período de um ano que antecedeu o estudo, e seguir um histórico estável de tratamento, inclusive com beta-bloqueador, se tolerado. Os pacientes foram assinalados aleatoriamente por uma tabela de alocação gerada por computador para receberem ivabradina titrada até um máximo de 7,5 mg duas vezes ao dia ou um placebo correspondente. Os pacientes e pesquisadores não tiveram conhecimento da alocação de tratamento. Foram disponibilizados dados para análise de 3241 pacientes no grupo da ivabradina e de 3264 pacientes tratados com placebo. A mediana de acompanhamento foi de 22,9 meses.

24% dos pacientes no grupo da ivabradina e 29% daqueles que receberam placebo tiveram um evento primário de desfecho (risco relativo 0,82). Os efeitos foram impulsionados principalmente por internação devido à piora da insuficiência cardíaca (21% placebo vs 16% ivabradina) e mortes devido a insuficiência cardíaca (5% vs 3%). Um número menor de eventos adversos graves ocorreu no grupo da ivabradina (3388 eventos) do que no grupo do placebo (3847). 5% dos pacientes da ivabradina tiveram bradicardia sintomática comparados a 1% do grupo do placebo. Efeitos colaterais visuais (fosfenos) foram relatados por 3% dos pacientes usando ivabradina e 1% dos que usaram placebo (todos os resultados mencionados são significativos).

Os pesquisadores concluíram que: "Nossos resultados apóiam a importância da redução da frequência cardíaca com ivabradina para a melhora dos desfechos clínicos na insuficiência cardíaca e confirmam o papel importante da frequência cardíaca na patofisiologia desse distúrbio."

Os resultados deste estudo não podem ser generalizados para pacientes que não se enquadram em seus critérios ou que se enquadram nos outros critérios, mas têm pulsação abaixo de 70 bpm.

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The Lancet publicado online em 29 de agosto de 2010 © 2010 Elsevier Ltd
A ivabradina e os desfechos crônicos na insuficiência cardíaca (SHIFT): um estudo randomizado de placebo controlado. Karl Swedberg, Michel Komajda, Michael Böhm et al em nome dos Pesquisadores do SHIFT. Correspondências para Karl Swedberg: karl.swedberg@gu.se

Categoria: K. Circulatório. Palavras-chave: ivabradina, insuficiência cardíaca crônica, desfecho, SHIFT, estudo de grupo paralelo, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, observatório de revistas.
Sinopse editada por Dr. Stephen Wilkinson, Melbourne, Austrália. Publicado em Global Family Doctor EM BRANCO 2010